Eu e amiga conversávamos sobre um amigo em comum. Daí veio os pontos de vista sobre um trecho da nossa conversa, onde coloquei que nosso amigo em comum, se se casasse agora, já em idade avançada, seria bom. Nunca o fez antes. Ter, na velhice, alguém para ajudar a caminhar nos anos que se seguissem.
Segue o fio…
Eu: Tomara. Longe de casa . Alguém pra ajudar na vida… Na velhice dele… Uma companhia.
A amiga: Isso não é motivo para se casar com alguém, apesar de muita gente se casar por isso. E talvez seja isso que faz com que seja tão raro as pessoas serem verdadeiramente felizes no casamento.
Eu: Talvez seja esse o melhor casamento. Como vem desde o princípio a vida em comum para sobreviver, dividir alimento… Ajudar ante dificuldades. E não acreditar que o amor como conhecemos seja o fator principal das uniões. O verdadeiro amor seria assim. Desde os princípios da raça humana. E dessa convivência que vem o amor que acreditamos conhecer.
A sobrevivência de cada dia une as pessoas. Não o desejo, a paixão, a loucura de sentimentos conturbados. Onde se deposita no outro a responsabilidade de dar algo a outrem.
Onde muitos dizem “nos amamos…” não é amor. É paixão. Que pode durar muitos anos e com a convivência, a luta por sobreviver, entender esse sobreviver, como algo bom para si e para o par. Pôr empenho em lutarem juntos por coisas boas a ambos, aí são felizes… Descobrem o verdadeiro sentido da palavra: amor.
Vivemos buscando romance na nossa vida e nunca seremos felizes assim, o romance termina sempre em sentimentos mais egoístas, deixando rastros de infelicidade em um ou no outro.
A sociedade, conforme foi se aprimorando em várias artes, fez do romance um estilo de vida. Como em contos, histórias, teatros. E, daí, deturpou-se a vida em comum para sobrevivência humana baseada primeiramente na existência de um amor romântico. Onde acreditamos que seja o princípio básico de união entre casais. E muita gente continua infeliz porque nunca se depara com tal amor em sua vida. A paixão termina, o tesão se esvai, a felicidade que se baseava nesses some de vez. Gerando conflitos de alma e de vida.
Cada um a que se pede para dizer como ficaram tantos anos juntos e continuam felizes um com o outro podem usar a palavra “amor” como definição de sua vida em comum. Certo! Resumem numa palavra todo um contexto. Mas se perguntamos como conseguiram fazer que esse amor continuasse a fazer parte do dia a dia, logo responderão com muitos termos, tais como, paciência um com o outro, respeito mútuo, superar conflitos… E quando repensam ainda um pouco mais sobre o assunto, ficam sem palavras para definirem o tempo entre o início e o agora que fazem estarem unidos e felizes um com o outro. Pois essa união foi a sobrevivência deles. Integra todo o tempo. Integra a prole, se tem. Integra a família de ambos. Integra os amigos que passaram por eles. Os que continuam a ver. Integra o trabalho. As habilidades. Integra as doenças que tiveram que ficarem mais unidos para sobrevivência da União. Todos esses fatores e outros mais são o estímulo da sobrevivência em comum. E como nessa sociedade acreditamos no romance do amor, poucos acharão que a sobrevivência do ser humano é o fator principal e melhor para união entre pessoas. Seja como casais ou como em sociedade.
E o seu ponto de vista?
Diz aí. Como acredita ser para você.
Texto por Milena Medeiros
18 de junho de 2021
ALMA DE POETA 